Siga por aí para qualquer lugar sem pensar


Realmente não havia mais nenhum resquício de sanidade naquele ser. Era o ápice da loucura!
Os sonhos já não faziam sentido nenhum. E qualquer frase era entendida como algo maior. Como se aquela vidinha medíocre não passasse de um pano de fundo para algo mais nobre.
Por mais que ele quisesse conectar os códigos e sentidos dos sonhos, a paranóia era o fim mais previsível. Números, frases, conexões, ações impensadas. Tudo era pensado e repensado por ele. Acabou virando uma obsessão. Não via o dia passar, não fixava em nada, não trabalhava direito, não estudava, estava aéreo. Como se estivesse num mundo paralelo, entre a realidade e a ilusão. Uma espécie de zona transitória. Uns diziam que estava doente, outros que estava nos braços de Morfeus, e os mais insensíveis que era louco, pirado mesmo. A solução foi procurar um psiquiatra para tentar compreender o incompreensível. (Que trocadilho mais insano!) E na troca de informações com o médico descobriu que era impossível compreender certas coisas. Viu dezenas de vezes as manchas borradas nos desenhos apresentados pelo doutor. Ele se complicava (enxergava coisas impensáveis, figuras futuristas, dragões de sete cabeças e até a sombra da banda Pink Floyd que ele virá num show na TV). Então, o médico ficou impaciente. Pediu que ele retornasse em uma semana, seu desejo era estudar mais a fundo o caso. E o paciente vagou pelas ruas em busca de respostas, calculou números, transformou sonhos em códigos, enfim, fez de tudo. Foi tudo em vão. Não achou respostas, nem conexões. Nada com nada, loucura total. E a caminho da neurose (O termo indica "desordens de sentidos e movimento"). Pensou que tudo ficaria mais simples se ao invés de mergulhar na loucura da busca de interpretar o significado de tudo que lhe rodeava apenas vivesse. Simplesmente vivesse. A partir disso deixou os devaneios reservados para a noite. No momento em que entregava-se completamente a realidade paralela. Assim, a loucura não o deixará, mas ele não a deixava o dominar. Apenas aprenderam a coexistir...


"Qualquer um que desperto se comportasse como nos sonhos
seria tomado por louco.
Sigmund Freud

4 comentários:

  Unknown

4 de fevereiro de 2009 às 13:39

Gente atoa + sem nada para fazer = dá nisso!

  Unknown

15 de fevereiro de 2009 às 02:44

Eu gosto dos seus textos. Acho que o personagem era um pouco "crazy". Já sei até em quem você se inspirou.
E me esclarece uma dúvida, por um acaso as evidências do texto tem a ver com o teste de rorschach?

  Alba ... vivendo em busca dos sonhos

15 de fevereiro de 2009 às 16:40

Bom! Não é tão difícil perceber quem me inspirou a escrever "Saia por aí para qualquer lugar sem pensar". Acho que ele era bem "crazy". Acho não, tenho certeza. Hermann Rorschach, o psiquiatra suíço me ajudou a pensar sobre o texto. E o teste que utiliza dez lâminas com borrões de tinta que obedecem a características específicas quanto à proporção, angularidade, luminosidade, equilíbrio espacial, cores e pregnância formal. As respostas ao teste de Rorschach revelam o status da representação da realidade em cada indivíduo, trazendo dados a respeito do desenvolvimento psíquico, das funções e sistemas cerebrais, dos recursos intelectuais envolvidos na construção das diferentes imagens, das articulações intrapsíquicas e da natureza das relações interpessoais. Como a Prova de Rorschach avalia a dinâmica de personalidade particular a cada pessoa, não se deseja, a partir de seus dados, atribuir um diagnóstico psiquiátrico. Pretende-se, no entanto, contextualizar os distúrbios psíquicos, compreender o valor e o significado de um sintoma clínico e orientar para o tratamento mais adequado.

Fonte de apoio: www.rorschach.com.br

  Unknown

3 de abril de 2009 às 17:26

Loucuras todos queremos fazer, o importante é dosar. Mas de louco todo mundo tem um pouco, e que chato a vida seria sem uma dosa de loucura.
Gostei do texto.

Ps: É baseado em fatos reais.kkkkk