Igual, mas diferente.



Decidi ouvir aquela música pela última vez. Já faz um bom tempo que esta ideia não sai da minha cabeça. Mesmo com uma letra tão bonita e uma melodia tão suave, não conseguia deixar de remeter aquele som a um determinado momento. Um som tão alegre se transformava em algo melancólico. Não era justo, nem comigo, nem com a música. Talvez, a superação não dependesse apenas dessa atitude, que aparentemente não iria surtir nenhum efeito. Mas alguma coisa precisa ser feita, e com urgência. Adiar mais, seria a maior burrice de todas, inigualável a todas as anteriores. Não consegui pensar em culpados. Não tenho a intenção de ser júri de ninguém. Porém, sei que a minha parcela está devidamente contabilizada. E, finalmente, consegui aceitá-la. E por mais pesada que seja, a saudade, não se torna mais amarga. É como se as linhas se projetassem para algo distante, incerto. E assim, os dias, as horas, os minutos, os segundos passavam, ora lentamente, ora apressados, mas muito menos amargos. Agora, a música é outra, com uma melodia menos suave, porém significativa, envolvente. E mesmo que, os sujeitos se misturassem, e o "eu" não fosse mais o mesmo, não tentava encaixar tudo, como num quebra-cabeças que sempre ficava incompleto. O que ganhei de presente, que estava guardado por muitos anos, um dia resolvi dividir as peças. Contudo, depois não consegui achar todas as peças. Quase tive êxito. Uma, apenas uma, e nada mais, se perdeu. E para não pensar neste vazio, e no que ele representa, o guardei na gaveta. Algumas vezes, o vejo de longe, pois a pressa não permite que pare para remontá-lo. A pressa e o medo. O último, o pior deles, paralisa, entristece, limita. Se hoje, a coragem me falta, em breve, pode voltar. Espero ansiosa por este dia, espero também que consiga ter coragem para seguir sem a peça, que agora me falta.

2 comentários:

  Unknown

3 de abril de 2009 às 17:21

Não sei de onde surgem estas ideais.
Sua cabeça é um turbilhão, de palavras que podem explodir a qualquer momento, palavras pinceladas com o coração. Comentário abstrato para um texto também abstrato:
"Igual, mas diferente".

  Unknown

16 de abril de 2009 às 17:04

Na vida nada acontece duas vezes da msm maneira... uma musik q eu escuto hj naum sera a msm q eu ouvirei amanha... um quebra-cabeca q eu montei ontem naum eho msm q eu monto hj...

Por isso a vida eh tao melancolica... ms ao msm tempo, se assim naum fosse td seria facil demais e naum poderia se chamar vida...

A unica peca q sempre nos faltara nunk podera ser retirada da gaveta...

Lindo texto!!
Abc!!