Salvador, Isabel e Paula



Quando conheci Salvador, Isabela e Paula percebi que a história de um país depende de pessoas que não apenas fazem a diferença, mas que são a diferença. Conheci Salvador nas aulas de História do Cleiton e a mim foi apresentado um grande marxista que pincelou a história do Chile rumo à construção do socialismo. Nada mais marcante do que sua voz no rádio em um discurso inflamado, o último antes da morte, no Palácio de La Modena. O Golpe de Pinochet sucumbiu Salvador e levou o marxista ao topo da históra chilena. Anos depois quando conheci Isabel, já já conto como foi, ela me apresentou um Salvador diferente, como um tio distante que iniciou a vida política imbuído de um idealismo panfletário, porém elegante. Enfim, minha relação com Salvador ainda mudará com o passar dos anos quando um outro alguém me apresentá-lo novamente. Conheci Isabel em A Casa dos Espíritos, é claro que já escutara falar dela antes, mas neste momento ficamos mais íntimas. Ela é a mais chilena de todas as peruanas que conheço e conquista amigos-leitores com facilidade de quem tem histórias sensacionais para contar e sabe contá-las muito bem. O que ela nos diz de sua família é muito íntimo e ao mesmo tempo comum porque se compartilha a ternura nas nostalgias da infância, adolescência e vida adulta. É por isso que amo as biografias, porque elas são tudo de mim. Logo depois de A Casa dos Espíritos fiquei mais próxima de Isabel não pelo fato de ler Paula, mas por conhecer dentro destas histórias uma jovem chamada Paula. Ali está Isabel mãe-mulher resgatando a Isabel menina. Então, conheci Paula em um momento difícil desta jovem, mas que a mim não foi apresentada em prostação pela porfiria. Conheci uma filha viva fruto de histórias...resultado de histórias...desfecho de histórias... Quando uma mãe expõe as minúcias de ser mãe pode rechear os casos de um monte de lembranças ou elementos políticos, porém o destaque será sempre o aspecto de mãe contadora de histórias. É assim que Isabel nos emociona falando de sua filha Paula.
Estes três personagens tem em comum o reconhecimento mundial que só Allendes alcançaram. Salvador como presidente, Isabel como escritora e Paula como a filha da escritora de Paula.

ps> a imagem é de Arnd Schultheiss e chama-se "12 de Setembro de 1973" o dia após o Golpe Militar chileno e a morte de Salvador Allende.

2 comentários:

  Unknown

4 de agosto de 2008 às 16:51

Uma bela leitura... Espero que todos nós possamos ter olhos literário tão belos quanto estes.

  Alba ... vivendo em busca dos sonhos

10 de agosto de 2008 às 03:15

Legal essa conexão que você fez..
Quando se ouve falar sobre alguém, a cada fonte que se escuta, é como se acrescentasse algo a mais sobre a história de determinado personagem...

Salvador, Isabel e Paula
não tem como não se encantar por eles...nem se inebriar por suas belas, muitas vezes duras e tristes, mais dignas vidas....