Viva o lado Jesus Cristo da vida!

“A maior campanha publicitária da história da humanidade foi a de Jesus Cristo. Ela lançou um slogan universal: ‘Amai-vos uns aos outros’. E um admirável logotipo: a cruz.”

...eu ainda ousaria acrescentar que ela tem a melhor agência, os templos e as igrejas, e o grande produto, a salvação! Poderia até concorrer ao Leão de Ouro no Festival de Cannes.

Um dos hábitos que cultivo na minha hora EXTRAordinária é a prática da leitura, especialmente dos títulos ligados à propaganda. Antes de compartilhar e tecer meus comentários a respeito da frase acima, retirada do livro “A Publicidade é um cadáver que nos sorri” do famoso fotógrafo e publicitário Oliviero Toscani, quero agradecer a Lu (Luana, também escritora do blog e não meu futuro sócio e famoso publicitário Luciano Benetton...rs), por ter me emprestado o livro. Quero também descartar qualquer possibilidade de blasfêmia ao sugerir a eventual ligação de Jesus Cristo com práticas comerciais. Tenho a minha própria religião e quero apenas comparar o marketing do cristianismo com minha vivência pessoal de estudante de publicidade diante de constantes desafios profissionais.

Voltando ao assunto, Jesus era carpinteiro, profissão aprendida com o pai, mas profissionalmente gosto de ver Jesus como um publicitário, pois ele sabia se comunicar como ninguém. Engana-se quem pensa que o marketing foi inventado pelos pragmáticos homens de negócios americanos, em fins do século XIX e aprimorado por uma infinidade de autores no decorrer do século XX.

Com o treinamento dos doze seguidores dos mandamentos de Jesus, a rede de comunicação interna foi muito bem estruturada e, com isso, o tema central – a propagação da palavra de Deus – pôde ser externalizada com eficácia. Não é à toa, afinal, que a história da saga de Jesus - seus milagres, sua morte, sua missão - atravessou continentes, séculos e é, hoje, a história mais conhecida do mundo cristão. Pense você: qual o produto de maior durabilidade desde que a História da humanidade teve início? Não, não é o disco de vinil, nem computador e muito menos o celular... É a Igreja Católica.

Se fossemos interpretar a história da publicidade no atual contexto, diria que tudo começou com um brainstorm no deserto. E Deus, o primeiro cliente, desceu até Moisés, no Monte Sinai, e lhe entregou o briefing, encarregando-o do maior job de todos os tempos. Moisés ainda recebeu um release e ao abri-lo se deparou com duas "Tábuas da Lei" contendo os Dez Mandamentos de Deus, que se fossemos interpretar à luz do capitalismo moderno, da criatividade e do humor se configuraria da seguinte forma:

1) “Amar a Deus, sobre todas as coisas”, ao bezerro de ouro: o produto. E também o seus sucedâneos irresistíveis: o sucesso, a riqueza...

2) Deus e seu santo nome são excelentes testemunhos, aqui e ali, para inumeráveis campanhas. E também os seus símbolos, como pastores a contabilizar lucros em uma máquina de calcular.

3) “Guardar os domingos e festas”. Implica não só abster-se de trabalhar como, antes de tudo, em considerar tais dias santos. Que diferença existe, para a idolatria publicitária, entre os dias santos e, digamos, os feriados? O mais santo dos dias da cristandade (o Natal) é evento de maior fúria consumista.

4) Pai e mãe são supostamente "honrados" no Dia do Pai e no Dia da Mãe. Uma avalanche de sentimentalismo mercenário. Fora daí, são meros alvos também de manipulação, quando não da chantagem publicitária.

5) “Não matar”. Com certeza uma exceção. Pelo contrário, a publicidade exprime interesses de uma sociedade que quer o indivíduo em contínuo esforço de trabalhar e comprar. Nunca localizei na publicidade comercial, por "mais audaciosa", qualquer permissão para matar. (Ao contrário, é claro, da propaganda de guerra).

6) “Não pecar contra a castidade”. Castidade de quem? Aliás, quem é casto hoje em dia se o que vemos hoje são muitos convites para pecar contra a castidade?!

7) “Não furtar”. Mas não se esqueça que o lucro prevalece a qualquer preço. E não importa qual a permissão para que a falcatrua passe despercebida, o importante é “levar vantagem”.

8) “Não levantar falso testemunho”. Mas jure estar dizendo a verdade. E se a culpa é sua, a ponha em quem quiser.

9) “Não desejar a mulher do próximo”. Sem comentários.

10) “Não cobiçar as coisas alheias”. Cobiçar as coisas alheias é o que faz girar a economia hoje. SEM COMENTÁRIOS MESMO!!

Seguindo pelo deserto, Moisés, já sabendo do seu deadline, utilizou-se de um teaser para anunciar ao seu povo a breve chegada de um profeta judeu, tão importante para Israel. “O Senhor seu Deus, levantará do meio de seus próprios irmãos um profeta como eu; ouçam-no” (Dt 18.15).

Com a morte de Moisés, a conta foi repassada ao mestre Jesus, profeta que deveria vir ao mundo. Jesus ungiu setenta discípulos emissores para ensinar as nações. Enviou doze apóstolos marketeiros para alcançar o mundo. Jesus chamou estes discípulos e pediu para que eles fossem, de dois em dois (como duplas de criação), falar sobre ele e sua doutrina pelos vilarejos e cidades. Seus discípulos, assim tornados publicitários, trataram de divulgar seus ensinamentos. Dessa forma, Jesus, com seu grande poder de garoto propaganda, configurou todas as estratégias de ação, que acabaram por dissipar sua história pelo mundo inteiro e criar diversos seguidores e disseminadores da sua palavra.

Passados os anos, e mesmo com a morte de Jesus, o marketing ainda perpetuava. Os grandes produtores e os mecenas da Igreja, a agência vaticano, não hesitavam em contratar os maiores diretores de criação de sua época: Miguelangelo, Leonardo da Vinci , Rafael, Lê Benin e tantos outros.

A publicidade sempre viveu da contribuição fundamental da agência. Os Apóstolos da comunicação. “A publicidade é o catecismo da religião do consumo. É um livro de missa sem imaginação, sem nenhum senso do drama nem do mistério humano. É uma religião materialista, uma monstruosidade”. (Toscani)

Bom...espero que tenham gostado do texto. Acredito que os nossos publicitários aprenderiam muito se olhassem com atenção para a história de Jesus Cristo, que se tornou um dos temas mais explorados pelo marketing no mercado midiático. Até mesmo porque vivemos hoje uma sociedade que cultua vários deuses: o deus Estado, o deus Capital, o deus Ego… E, principalmente, a deusa Intolerância.

E como eu já dizia: "Deus até pode estar em todas as coisas, até mesmo na publicidade, mas é o Diabo que negocia a comissão."


6 comentários:

  Alba ... vivendo em busca dos sonhos

11 de outubro de 2008 às 23:32

Ou! Muito bom!
O texto, as idéias e a forma como abordou o tema. Gostei muito! Claro! que Jesus gerou uma grande rede de comunicaçao. Entao! acredito que muitas de suas açoes em relaçao a comunicaçao com as pessoas, sua transmissao de idéias e valores pode ser considerada como Marketing. Um conceito que surgiu tempos depois....grandes marcas....grandes exemplos... e grandes idéias devem ser observadas de perto!

  Luana...alma livre escalando sonhos impossíveis

12 de outubro de 2008 às 15:33

Um texto:

herege, calunioso, injurioso, blasfêmico.....

ehhehehehehehehehhehe....

inteligente, bem articulado, verdadeiro, SENSACIONAL!!!

Salve Salve Jeus Christ superstar!!!

  Alba ... vivendo em busca dos sonhos

14 de outubro de 2008 às 00:51

Este comentário foi removido pelo autor.
  Alba ... vivendo em busca dos sonhos

14 de outubro de 2008 às 00:52

Ou! Adorei, amei, achei o máximo o novo layout do Blog NOSEAREDE.
By: Poliana.
O Layout produzido pela Poli, resultou num Blog com a nossa cara. Novos tempos NOSEAREDE...

Parabéns! Poli! Competente como sempre. E como disse a Luana:

"O blog tá imperdível"

Vale a pena demais conferir, SEMPRE!

  Luana...alma livre escalando sonhos impossíveis

14 de outubro de 2008 às 09:46

A poli como sempre surpreendente e competente!!!
O blog tá bombando com novos post e o novo layout!!Amei!!

  Ana

26 de outubro de 2008 às 20:07

adorei!

faz todo sentido! como eu não percebi isso antes!

rsrs


muto bom Poli!