A menina que amava Cazuza




Não tenho um poster dele no quarto. Não que eu não quisesse, mas não posso, né! Poster dele no quarto?? Acho que iria contra os seus princípios. Bom! Ele era o amor da minha vida. Ops! Ainda é. E não interessa em nada as coisas que escuto sobre ele. Maluco, filhinho de papai, transviado, maconheiro, doidão. Aí não, né! Bom! Nem importo com esses comentários pobres. O caso tá no mais alto grau da paixão. Realmente é um amor exagerado. Não obsessivo e sufocador, isso não. Músicas ao pé do ouvido, poemas de amor, da vida, da merda da vida. Por que não? Amor também é dizer ao vento sobre tudo. Senão, não é verdadeiro. E este amor já foi testado, e olha que não foi besteirinha de adolescente. Foi coisa grande mesmo. E tudo foi provado num momento muito desolador. Tanto para ele, quanto para mim. Ai, ai, ai, * suspiros. Acho que vou falar um pouco dele. Fui falando do nosso amor assim do nada. E ninguém sabe quem ele é. (Mas olha que tem dona enhhh). Ele é um cara que tem música no coração, isso é muito raro hoje em dia. O cara viveu num momento conturbado e importante da história brasileira (Como eu queria ter vivido nesta época - processo de final de ditadura e re-estabilização do pais). Ele nasceu em 1958 (Olha! idade não é um problema para nós!) Bom, esse é um caso de amor autêntico, não se esqueçam. Exatamente, no mesmo mês que eu, nasceu o poeta brasileiro. Em abril de 1970, o garoto da classe média carioca já curtia Janis Joplin e Led Zeppelin (Ai, ai, ai. Assim, não tem quem não apaixone!). No início dos anos 80, invadiu no cenário da música no Brasil. E para os ávidos por novidade dessa década, o grande privilégio de ver a Cazuza a frente de uma banda de rock. E, olha, ele tem uma característica marcante . Alguém que fala de nossas mazelas e míseras. (Porque queremos maquiar a mísera e a corrupção? Devemos moldar um pais autêntico, de fato.). E, se hoje, ainda existe preconceito (para mim isso é coisa de gente pequena, que vive num mundinho único e fechado) em relação a AIDS- estou falando de um exemplo de luta pela vida. Uma pessoa que deixou reações e medos de lado e falou em público sobre sua doença. Não é por acaso que foi denominado poeta. Suas músicas tocam o coração. Seja o Cazuza, da época do Barão Vermelho, seja o da época da carreira solo. A paixão só foi ganhando proporções gigantescas. E no início de sua carreira solo, eu nasci. (1985, mas é segredo, não conta para mais ninguém) E seja nas músicas mais ácidas, escritas já quando estava bem doente (Me identifico com todas elas). A paixão só foi aumentando. Até que, o grande amor se foi, em 07 de julho de 1990. *(Tá! eu não sou maluca. Nunca ouviu falar de paixão?!? é algo muito maior que idade ou presença física.). Como eu adora seu apelido, (nos identificamos em muitas outras coisas). Frequentou por pouco tempo o curso de comunicação. Apesar de um pouco intensa (Para não dizer mega exagerada). Continuo afirmando que isso tudo não é delírio. ( Mesmo que as pessoas insistam em me chamar de louca, maluca, piradinha) Nem alucinação. Isto porque, "o nosso amor a gente inventa pra se distrair e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu...".
E se poucos o chamam de Agenor Miranda de Araújo Neto, prefiro chamá-lo carinhosamente de Cazuza (Como a maioria o conheceu). E falar abertamente do nosso caso de amor. De um garoto carioca inquieto e uma garota que sonha em abraçar o mundo. De um poeta e cantor e uma garota sonhadora. Que realiza todos os seus sonhos. Nem que seja apenas em seus próprios, SONHOS!


* O intuito do texto não é, em nenhum momento, um relato piegas. Só conta um pouco, ou tentar, sobre Cazuza de um jeito um pouco diferente. Um cara que tinha o dom de compor letras que tocam a alma. Dominava as palavras como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Fica até difícil saber quem é a menina que amava Cazuza.

"Às vezes, fico triste, mas não consigo me sentir infeliz. Acho que o tédio é o sentimento mais moderno que existe, que define o nosso tempo. Tento fugir disso, pois tenho uma certa tendência ao tédio. Mas, felizmente, eu sou animadérrimo! Sou muito animado pra sentir tédio. Sou animado à beça, qualquer coisa me anima. Se você me convida pra ir à Barra da Tijuca, eu já digo logo: Vaaaamos!!! Qualquer besteira me anima. Tudo que já passei na minha vida não conseguiu tirar essa animação". (CAZUZA)

3 comentários:

  Luana...alma livre escalando sonhos impossíveis

13 de dezembro de 2008 às 20:42

q lindo....

um dos seu melhores textos aki no blog..to emocionada, serio msm...

amo cazuza, mas amo mais o seu texto sobre o cazuza...

  Mordida de Raiva

14 de dezembro de 2008 às 02:46

Binha,


Não vou negar, amo Cazuza. Mas tenho que admitir: queria eu ter escrito o que ele escreveu.

É incrível como cada letra dele parece ter saído de um de nossos pensamentos... Não há geração, crise ou catástrofes naturais que apaguem a magia de Cazuza. Simplesmente singular, simplesmente perfeito, simplesmente simples, simplesmente envolvedor, simplesmente profundo...

Seu texto (e você) segue o mesmo caminho. Obrigada por nos presentear com belíssimos escritos e por simplesmente ser essa pessoa especial à beça!

  Unknown

14 de dezembro de 2008 às 19:18

Salve, salve, que o poeta está vivo!!

Parabéns pelo texto, me emocionei ao lê-lo. Cada dia estão ficando melhores.
Felizes aqueles que descobriram toda a poesia por ele deixada, em forma de música. E é lamentável que alguns não tenham a sensisbilidade necessária para compreender sua obra e por isso a chamam de mediana.

Como já diziam, podemos chorar de saudade de Cazuza. Mas sempre tornamos a nos alegrar com sua presença divertida e desafiadora, porque ele é uma das pessoas que mais sabem expressar este fato dificílimo de entender e admitir: os humanos somos todos imortais!!