Sinto muito


O balanço não era mais usado como nos velhos tempos. Nem se ouvia mais a alegria das crianças correndo pelas ruas. Tudo estava deserto. E o sentimento produzido era de um incômodo e profundo mal estar. Sinto muito! Tentei dizer, depois de pensar muito, mas era tarde, quem deveria escutar não estava mais ali. E o balanço, agora enferrujado, era um estorvo para os moradores da rua. Numa votação acabaram decidindo retirá-lo de lá. Era tão difícil para mim. O que vou dizer a você quando voltar e não encontrá-lo mais? Sinto muito? Não! Não poderei dizer, é demais para mim! Ah! Se tivesse dito da primeira vez, pronunciado estas duas palavras tão simples. Talvez não tivesse que dizer agora. Logo agora! Sei que vai doer muito mais. Saio atrás do vento. Ele me guia até o velho balanço, agora condenado, que range a música que o vento lhe dita. Aproximo. Crio coragem. E digo para ele tudo o que desejei ter dito a você. Diante de duas testemunhas. (O vento e o balanço). Lavo minha alma. Finalmente, falo o que deveria ter dito há tempos: SINTO MUITO.

2 comentários:

  Anônimo

23 de dezembro de 2008 às 17:39

Eu também gostaria de ter dito:
- Sinto muito!

  Unknown

29 de dezembro de 2008 às 14:56

Quem dera tudo na vida fosse como um balanço. A vida é curta, não há dúvidas. O balanço tem uma seqüência, que a vida não tem, a não ser pelos altos e baixos. O balanço vai, mas sempre volta. A vida anda em circulos, as vezes sem rumo. Até que um dia se resolve tirar o balanço. Ele vai, mas não volta. Parece que a vida se foi também. SINTO MUITO!


Belo texto! Espero que a minha reflexão tb faça sentido!