Ilusões, sonhos, vícios e limites em Requiem for a dream



Não há como ser o mesmo depois de assistir Réquiem para um sonho. Neste filme o vício transita por uma linha tênue entre o prazer e a obsessão. A história gira em torno da loucura do vício de drogas em geral. E mostra como os personagens, inicialmente, esperançosos e sonhadores deixam tudo isso escapar ao sentirem-se pressionados e perdidos. A narrativa é tão bem amarrada que prende o espectador do início ao fim. Envolvendo-o numa trama cheia de suspense e reviravoltas. Os atores não deixam a desejar com belíssimas e convincentes atuações. O uso excessivo de drogas é abordado e a compulsão também está presente em Réquiem para um sonho. Tudo parte da ausência e frustração que transpõe o limite chegando ao trágico e irrevogável. E é isso que atrai neste filme, o tom cruel e o lado negro. O que representa a verdade se pensarmos em dependência química e seus efeitos. Os atores mostram a horripilante cara da dor e do total desespero. Não é só a atuação, o enredo e a forma como a história é narrada que fazem de Requiem for a dream um filme recomendável e expressivo. A trilha sonora, de muito bom gosto, caiu como uma luva para conceder a Réquiem o tom conturbado e desesperador necessário. O ápice é a cena final. Ao mesmo tempo tão perturbadora, mas digna de ser considerada uma cena completa e encantadora das produções cinematográficas. Se alguns tentam taxar o filme como pura lição de moral, não se engane, Réquiem é incómodo, mas joga limpo o tempo todo. Não há como não envolver-se, o filme é instigante e profundo. Acima de tudo, é uma produção que te leva a pensar nas ações humanas em situações adversas. Qual é o limite entre o prazer e o vício. Até ontem você é capaz de ir.

2 comentários:

  Elisandra Amâncio

23 de julho de 2008 às 16:42

Bacana a dica, vou tentar assistir. Ah... valeu pela visita. Abraços.

  Unknown

26 de julho de 2008 às 19:12

Qual o limite entre o prazer e o vício??
"O ABISMO!!"

Um abismo que nos leva a se sentir extremamente bem por estarmos demasiadamente mal.

Um abismo que nos faz descobrir, não sem muita dor, que a dor pode ser também um profícuo impulsionador de forças vitais adormecidas no bem-estar.

Um abismo em que até o aparente absurdo dessas situações pode parecer plausível quando entendemos que "o absurdo" não é outra coisa senão o mais implacável limite de saturação do suportável. Nesse sentido, tudo que pode parecer um absurdo pode também ser considerado absolutamente viável. E mesmo sendo comprovadamente um absurdo, é provável que aí resida o caminho mais seguro - porque totalmente desconhecido - da novidade.

Já parou pra pensar o que há de virtude nos vícios ao invés de vícios nas virtudes?
Quem exerce a radicalidade entende que a vida existe nos extremos da morbidez e da saúde, do possível e do impossível, do ser e do não ser. Entretanto, o mais comum e trivial é que as pessoas prefiram caminhar pelos meios. Embora, como eu, ainda há os que preferem caminhar pelos extremos e que vivem a mais perfeita e irretocável condição humana, condição possível a quem, por opção, ou por falta dela, descobre os encantos do desencanto, o supremo mau que sustenta o prazer da utopia que vem do bem que nos fazem os nossos vicios.


Até ontem você é capaz de ir?
"ATÉ O FIM!!"




...e o fim está próximo